As aulas arrancam esta semana para a maioria dos alunos e muitas são as dúvidas que surgem nesta fase da vida. Serão as mochilas dos nossos filhos as indicadas? Que peso devemos deixá-los levar na mochila?
Estas e outras questões foram respondidas pela Dra. Ana Luís, neurocirurgiã e membro da Campanha Olhe Pelas Suas Costas, ao site Crescer, do grupo Impala:
Crescer – Agora que começam as aulas, antes de mais, que tipo de mochila as crianças devem escolher?
Dra. Ana Luís – A mochila escolhida deve ser de material leve, ter duas alças largas, almofadadas e ajustáveis e, idealmente, para ajudar a distribuir o peso, ter um cinto ajustável. A parte detrás da mochila deve também ser almofadada e adaptar-se de modo a estar o mais próximo possível das costas da criança.
Outro aspeto fundamental é o tamanho da mochila, a qual deve ser do tamanho das costas da criança/jovem. Relativamente ao volume que a mochila comporta, deve ser o mais pequeno possível. Só devem caber os itens absolutamente necessários (para evitar a tentação de carregar mais coisas, e consequentemente, mais peso).
A existência de compartimentos na mochila é benéfica se permitir imobilizar os objetos e reparti-los de forma uniforme, distribuindo o peso.
Quando se coloca a mochila nas costas, a parte mais superior da mochila deve ficar imediatamente abaixo do pescoço e a parte inferior ao nível da cintura.
Escolhida a mochila, os pais devem ter atenção ao peso da mesma. Que peso limite devem carregar?
O peso da mochila não deve ultrapassar 10 por cento do peso corporal da criança. Depois de acertar o peso da mochila é importante ensinar a criança a organizar os materiais dentro da mesma, com vista a equilibrar o peso transportado. Os objetos mais pesados devem ser colocados nos compartimentos juntos à coluna para evitar alterações da postura. Por fim, é crucial garantir que as crianças nunca carreguem a mochila num só ombro.
Muitas pessoas não sabem, mas os problemas na coluna surgem na infância. Que cuidados se devem ter? Como prevenir?
Embora variável, de acordo com os estudos e com a população avaliada, a prevalência de dor lombar na infância e sobretudo na adolescência tem vindo a aumentar. A obesidade e excesso de peso são fatores de risco major para patologia da coluna, daí que seja fundamental controlar o peso, através do incentivo para uma alimentação equilibrada e para a prática de exercício físico.
Combater o sedentarismo é essencial para a saúde da coluna, principalmente na infância. As recomendações internacionais apontam para a prática de 60 minutos diários de atividade física moderada e para a prática de atividade física intensa três vezes por semana, no caso das crianças e jovens entre os cinco e os 17 anos.
A postura à mesa também é importante. Que conselhos dá às crianças e jovens?
Quando estiverem sentados, os pés devem estar apoiados no chão, os joelhos num ângulo de 90º e as costas bem apoiadas no encosto da cadeira. Assim, à medida que crescem, é necessário adequar a altura da cadeira. Quando estiverem no computador é importante que os ecrãs estejam ao nível dos olhos.
Que papel os pais, os educadores e a comunidade escolar têm na “proteção” da coluna de crianças e jovens?
O reconhecimento dos fatores de risco para a dor lombar nas crianças por parte de todos esses elementos permite que se adotem mudanças significativas e concertadas para os minimizar, nomeadamente: na seleção e utilização de mochilas, na educação postural, na adoção de uma alimentação equilibrada e na adesão à prática de exercício físico…
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Texto: Andreia Costinha de Miranda
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