Saúde e Bem-Estar

“A menopausa não é uma doença”: Há 2 milhões de portuguesas a atravessar esta fase da vida

7 Novembro, 2022

menopausa

Sabia que a palavra menopausa é das mais procuradas na Internet? Mas isso não significa que as mulheres estejam bem informadas.

Por volta dos 45 anos, Cristina Mesquita de Oliveira foi “assaltada” por alterações físicas e emocionais que interferiram com as suas rotinas diárias. À confusão, falta de raciocínio claro, esquecimento de alguns dados e perda da vontade de ir ao ginásio somou-se a alteração do período menstrual e fez soar um alarme: menopausa. Esta palavra é das mais procuradas nos motores de busca na Internet, mas os dois milhões e meio de portuguesas a atravessar esta fase pouco ou nada sabem sobre ela. Foi na tentativa de desmistificar este processo, além de falar de tratamentos, encontrar soluções e procurar alterações urgentes a nível social, que esta empreendedora – que teve um percurso profissional na indústria farmacêutica – lançou o livro Descomplicar a Menopausa, pois a literatura que havia sobre esta matéria estava traduzida e não se ajustava à realidade do País. “A menopausa não é uma doença”, começa por dizer a autora, destacando que esta é apenas uma etapa da vida reprodutiva da mulher com características próprias, lamentando que ainda existam muitos tabus sobre o assunto, nomeadamente, que “continue a ser visto como algo para ser abordado na esfera íntima e não para ser mostrado. Ou seja, toda a gente sabe que existe, mas está ali debaixo do tapete”. Comportamento que potencia o preconceito e a informação contraditória.

Ferramentas que podem ajudar na menopausa

“70% das mulheres sofrem e sentem os efeitos da menopausa de uma maneira evidente. No entanto, é falso que todas venham a sentir alguma coisa. Destes 70%, há uma percentagem significativa (85%) que sofre horrores com alguns efeitos, como as ondas de calor súbitas que tanto podem ocorrer durante o dia, como à noite”, afirma a também fundadora da VIDAS – Associação Portuguesa de Menopausa –, atualmente com 57 anos. E deixa um alerta: “Este impacto da alteração da temperatura corporal é uma predisposição para que a mulher venha a sofrer um AVC ou outro tipo de doença neurológica”.

Existe, por isso, um trabalho de literacia que tem de ser feito para que as mulheres não achem que devem aguentar tudo de sorriso no rosto, à espera que passe. “Há ferramentas médicas, farmacológicas, mudança de estilo de vida e outras medidas naturais que podem ser tomadas” para as ajudar a aguentar queixas como o stress, a exaustão, as mudanças de humor, as alterações no padrão de sono, a confusão mental, a baixa de libido ou o aumento de peso. “É possível não beliscar a vida íntima e a autoestima se estiverem informadas. Isto está muito do lado de quem pensa nas medidas de saúde e bem-estar.”

Literacia deveria começar nas escolas

Para Cristina Mesquita Oliveira torna-se imperativo que o Estado reformule as políticas de saúde e crie uma estrutura que crie medidas de acolhimento para mulheres em menopausa. A fundadora MMDP – Movimento Menopausa Divertida Portugal defende que “a Terapia Hormonal da Menopausa (THM) deveria ser gratuita nos centros de saúde, mediante prescrição médica. As mulheres deveriam ter também acesso a uma consulta, por volta dos 45 anos, que as ajudasse a perceber se estão a sofrer com efeitos da menopausa, e acesso a informação confiável e descomprometida de compromissos comerciais”. Por último, destaca a importância da literacia sobre o tema começar nas escolas.

Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos: D.R. e Shutterstock

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