Feche a boca e tente respirar pelo nariz. A verdade é que dar prioridade à respiração nasal não é tão fácil como parece, pois ao longo do dia (e principalmente à noite) respiramos de forma ineficaz ou mesmo disfuncional.
O pesquisador James Nestor, no livro Respira – A Nova Ciência de uma Arte Esquecida, revela três situações em que respiramos pior: durante os picos de stress (no trabalho ou em outras circunstâncias), quando nos exercitamos e enquanto dormimos.
E porque erramos? Porque o normal é que nestes três casos respiramos pela boca e não pelo nariz. Uma negligência que não só implica uma pior absorção de oxigénio, mas também tem consequências, como a halitose, acrescida de cáries, risco aumentado de doença periodontal, sensação de cansaço ou menos energia e até alterações na evolução da face (torna-se menos simétrica).
Benefícios de respirar pelo nariz
Abrir a boca para respirar (o que fazemos cerca de 23 000 vezes ao dia) envia um sinal de alarme ao cérebro, que provoca a ativação do sistema nervoso simpático, que causa um aumento na pressão arterial e na frequência cardíaca e respiratória.
Estado de calma e tranquilidade
Um padrão respiratório correto que deveríamos seguir seria a chamada respiração abdominal diafragmática. Se fecharmos os olhos e analisarmos a forma como respiramos, com calma e sem pensar em nada, sentimos que inalamos o ar pelo nariz enquanto o abdómen se enche, graças ao trabalho do diafragma, e depois o ar também sai pelo nariz enquanto o abdómen volta à posição de repouso.
Mas esse padrão muda para se adaptar a situações como subir escadas ou, no sentido contrário, deitar no sofá para fazer uma sesta. Desde que não haja doenças, o ato de respirar é autorregulado para se adaptar às necessidades e exigências de cada momento.
Mas o excesso de peso, stress, ansiedade e as más posturas podem alterar esse sistema quase perfeito que temos, levando-nos a sentir falta de ar, que provoca suspiros com certa frequência ou até dores musculares nas costas.
A consciência do ato de respirar é assim uma ferramenta poderosa para melhorar o bem-estar. A maneira como inspiramos e expiramos pode fornecer informações valiosas para o sistema nervoso agir em conformidade.
Quando respiramos lentamente pelo nariz, com menos intensidade e frequência, transmitimos ao cérebro que estamos num lugar seguro e isso reflete-se nas nossas pulsações, que vão diminuir, e que por sua vez nos ajudarão a manter um estado de calma.
Siga estes conselhos
Insista em respirar bem. Para tal, faça todos os dias os exercícios que sugerimos.
➤ Pela manhã, ao sentar-se na cama, procure alongar os músculos peitorais, elevando os braços esticados acima da cabeça e entrelaçando as mãos no alto. Respire fundo três ou quatro vezes, sem pressa.
➤ Se o seu trabalho a obriga a estar quase sempre sentada, procure fazer pequenas pausas de duas em duas horas para alongar a coluna e descontrair os ombros.
➤ Espreguice-se! Uma ou duas vezes de manhã e outras tantas à tarde, estique os músculos do corpo, libertando-os de tensões.
➤ Pelo menos uma vez por semana, procure caminhar num espaço verde, onde o ar é mais limpo e não há montras para nos distrair. Não se preocupe com o tempo que demora e concentre-se na respiração: encha bem os pulmões e esvazie-os completamente antes de inspirar outra vez.
Saiba que Cerca de 60% das pessoas costumam dormir diariamente com a boca aberta, o que prejudica a saúde.
Combater a ansiedade e a depressão
Esta simples técnica realiza-se respirando a um ritmo de cinco ou seis segundos de inspiração (pelo nariz) e cinco ou seis segundos de expiração. É uma ferramenta muito utilizada em casos de ansiedade, depressão, anorexia, ataques de pânico ou asma.
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Texto: Mário Rui Santos; Fotos: Pixabay
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