Saúde e Bem-Estar

Sofre de atrofia vaginal? Não tenha vergonha e encontre aqui algumas soluções

28 Fevereiro, 2023

Embora a atrofia vaginal possa ser transversal a todas as idades, são as mulheres que entram na menopausa as mais afetadas. No entanto, existe tratamento.

O termo atrofia vaginal não soa bem aos ouvidos e continua a ser um assunto tabu, levando à falta de comunicação entre médico e paciente e, claro, a dar azo a algumas dúvidas e incompreensões sobre o tema. Também chamada de vaginite atrófica ou síndrome geniturinária da menopausa, esta é uma condição em que o revestimento da vagina fica mais seco e fino, atingindo em Portugal, pelo menos, metade das mulheres que entram na menopausa. “Isto resulta em prurido vaginal, ardor e dor, muitas vezes, durante as relações sexuais, entre outros sintomas”, começa por explicar Mónica Gomes Ferreira, médica especialista em ginecologia e obstetrícia, adiantando que também inclui problemas do trato urinário, como infeções urinárias e micção frequente.

Afeta mais as mulheres após a menopausa ou pode acontecer antes?

Ocorre com mais frequência durante a menopausa, devido a uma diminuição do estrogénio. As hormonas são produzidas, armazenadas e secretadas pelo sistema endócrino, uma rede de glândulas e órgãos. As mulheres precisam do estrogénio para uma boa saúde, especialmente durante os anos férteis. Quando a menopausa acontece por volta dos 50 anos, os ovários produzem menos hormonas e a mulher deixa de menstruar. Existem muitos sintomas desconfortáveis para as mulheres durante esse período, e isso inclui secura vaginal e outros sintomas que podem indicar atrofia vaginal.

Quais os principais sintomas da atrofia vaginal?

Podem incluir secura da vagina; ardência e/ou prurido vaginal; dispareunia (dor durante as relações sexuais); corrimento vaginal – geralmente uma cor amarela; manchas ou sangramento; prurido vulvar; sensação de pressão; também pode afetar o sistema urinário e causar sintomas como aumento da frequência urinária, dor ao urinar, infeções do trato urinário (ITU), incontinência de esforço, sangue na urina (hematúria) ou ardor durante a micção.

De que forma afeta o dia-a-dia da mulher?

A dor, a secura, a sensação de queimadura, a comichão (prurido), as manchas, o sangramento, os problemas urinários, as ITU e o corrimento podem deixar a mulher desconfortável e interferir na sua vida diária. Uma em cada quatro mulheres indica que a atrofia vaginal teve um impacto negativo noutras áreas das suas vidas, incluindo no sono, na saúde sexual e na felicidade. Esta condição é pouco relatada pelas mulheres.

Compromete assim a atividade sexual dos casais…

As relações sexuais podem ser dolorosas nas mulheres que têm atrofia vaginal, sobretudo devido à secura vaginal e possíveis inflamações locais. No entanto, ter relações sexuais de forma regular aumenta o fluxo sanguíneo pélvico, o que ajuda a manter o tecido vaginal saudável e a aumentar a humidade local. Mas isso não significa que as pacientes devam suportar relações dolorosas. Existem tratamentos que ajudam a aliviar os sintomas para tornar a relação sexual mais agradável.

Mas a mulher pode ter uma boa qualidade de vida sexual?

A atrofia vulvovaginal é um desafio médico porque é pouco relatada pelas mulheres, pouco reconhecida pelos profissionais de saúde e, portanto, subtratada. Pesquisas recentes sugerem que os profissionais de saúde devem ser proativos para ajudar as pacientes a revelar os sintomas relacionados à atrofia vulvovaginal e a procurar tratamento adequado quando o desconforto vaginal for clinicamente relevante. As mulheres têm pouca consciência de que a atrofia vulvovaginal é uma condição crónica com impacto significativo na saúde sexual. É possível ter uma boa qualidade de vida sexual realizando tratamentos adequados. O mais importante é incentivar uma conversa aberta e sensata entre o/a ginecologista e a doente, sobre o tema da intimidade, e realizar um adequado exame ginecológico pélvico.

Quais são os tratamentos?

É importante decidir o plano mais eficaz para cada doente com base nos sintomas, na gravidade dos mesmos e nas possíveis contraindicações. Alguns tratamentos destinam-se a tratar os sintomas de atrofia e outros abordam a perda de estrogénio, que também atuará no alívio das queixas. Lubrificantes e hidratantes vaginais podem tratar a secura e melhorar o conforto durante as relações sexuais. Os hidratantes não vão restaurar completamente a saúde da vagina. A terapia hormonal melhora os sintomas da atrofia vaginal, mas também traz de volta a saúde da mucosa, restaurando o equilíbrio ácido normal da vagina, espessando a pele, mantendo a humidade natural e melhorando o equilíbrio bacteriano. No entanto, existem doentes que têm contraindicações para tratamento hormonal ou não têm melhoria com os tratamentos já referidos. Nestes casos, a atrofia pode ser tratada com técnicas minimamente invasivas, exemplo da radiofrequência bipolar fracionada (InMode). Este tipo de tecnologia aplica energia direcional de radiofrequência para coagular, liquefazer e restaurar a saúde íntima. É um tratamento não cirúrgico e praticamente indolor.

É possível prevenir a atrofia vaginal?

Recomendações: ter relações sexuais regulares, pois aumenta o fluxo sanguíneo pélvico e a humidade local; evitar irritantes vulvovaginais locais e usar um sabonete suave e sem perfume para lavar a área vaginal; dizer não aos banhos higiénicos repetidos, pois potenciam a secura, além de interromperem o equilíbrio de bactérias. A fisioterapia do pavimento pélvico também ajuda a prevenir a progressão.

Também pode ocorrer nas jovens

Esta condição, segundo Mónica Gomes Ferreira, pode manifestar-se quando os níveis de estrogénio da mulher são baixos por motivos que não a menopausa. Exemplos? Falta de relação sexual; diminuição da função ovárica; quimioterapia ou radiação; distúrbios imunológicos; toma de medicamentos que contêm propriedades antiestrogénicas; remoção dos ovários; perda pós-parto de estrogénio placentário; hábito de fumar ou amamentação.

Texto: Carla S. Rodrigues

 

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