Saúde e Bem-Estar

A vulva perfeita existe?

12 Março, 2023

vulva

No que toca a cirurgias estéticas, a parte externa do órgão sexual feminino tem sido alvo de muitas atenções, na tentativa de alcançar o belo quando o importante é ser funcional.

A pressão pelo corpo perfeito já se estende às zonas mais recônditas. A saúde da mulher passa pela vulva: clítoris, grandes e pequenos lábios, uretra, orifício da vagina e períneo. Este é o conjunto que forma a parte externa do seu órgão sexual e que não deveria ser um terreno desconhecido para as mulheres. No entanto, um estudo revelou que 30% do sexo feminino nunca viu esta zona do seu corpo, comprometendo, assim, a sua atividade sexual, bem como os cuidados essenciais de saúde. Nos últimos anos, os ventos têm sido de mudança na área das cirurgias íntimas.

“Assim como temos rostos diferentes também temos vulvas distintas”, afirma Catarina Santos

Devido à exposição da genitália feminina nos media, nas revistas e sites de pornografia, acompanhada pela moda da depilação completa dos genitais, e maior acesso a informação sobre o tema, são cada vez mais as mulheres a procurarem aquilo que julgam ser uma vulva perfeita. Mas será que ela existe? “Existem proporções, sim. O conceito assenta nuns grandes lábios que recobrem os pequenos lábios, num monte de Vénus não muito proeminente e numa pele clara na região genital”, começa por explicar Catarina Santos, médica com competências em ginecologia estética e funcional, deixando ainda um alerta: “Existem tratamentos direcionados para atingir este estereótipo, mas se faz sentido a nível ético, psicológico e funcional já é muito questionável, porque somos todas diferentes. Assim como temos rostos diferentes também temos vulvas distintas e desde que funcionalmente esteja tudo bem e a sua vida sexual corra sem problemas, não existe a mínima necessidade de fazer qualquer tipo de intervenção”.

Da secura à dor

Em Portugal, as mulheres que procuram auxílio nesta área fazem-no, sobretudo, devido a queixas funcionais: secura vaginal, com dor durante o ato sexual, alterações da lubrificação, que podem acontecer no período pós-parto ou potenciadas por alterações hormonais, decorrentes da menopausa, hipertrofia dos pequenos lábios, incontinências urinárias ligeiras e até alterações da sensibilidade e do orgasmo. “Por exemplo, quando os pequenos lábios são proeminentes causam desconforto na vida sexual, na prática desportiva, no uso de biquíni ou leggings, além de aumentarem a insegurança pelo facto de a paciente se sentir diferente em relação ao padrão”, afirma a especialista, adiantando que se antigamente uma mulher mais roliça era considerada bonita e saudável, hoje os padrões de beleza recaem numa mulher com a composição corporal mais magra, logo a vulva também acompanha esta tendência, com os lábios simétricos.

Vários tipos de tratamento

É importante salientar que a cirurgia é o tratamento mais invasivo e antes de chegar aqui há muitos outros procedimentos a ter em conta. Exemplos? “Hidratações injetáveis e preenchimento dos grandes lábios com ácido hialurónico, hidratações com plasma rico em plaquetas, radiofrequência e laser. Estas intervenções são feitas em ambulatório e bem toleradas, pelo que as pessoas podem regressar às suas rotinas de seguida”, refere Catarina Santos, acrescentando que todos têm uma vertente funcional e contribuem para melhorar a atividade sexual, algo que será sentido pelo casal. “Quando existe a hiperlaxidão do canal vaginal a seguir a um parto, os tratamentos promovem uma melhoria dessa flacidez e a mulher tem mais sensibilidade durante a penetração, tal como o parceiro.”
Para a médica, a beleza desta zona íntima reside na diversidade. “Vulva feliz é a vulva que não dói, não seca, que sente e funciona. Não é a vulva ‘bonita’, seja o que isso for. O que é bonito na nossa cultura ocidental é menos noutros locais do Globo”, remata.

Cuidados diários para a sua vulva

– Não escolha roupa demasiado justa
e com fibras sintéticas;
– Use um gel adequado, que respeite o PH da vagina;
– Aplique um hidratante diário para a zona íntima

– Caso tenha problemas de lubrificação é necessário fazer um tratamento local intravaginal ou a nível vulvar, com tópicos específicos
para a atrofia vaginal;
– Faça uma higiene cuidada.

 

Texto: Carla S. Rodrigues

 

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